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O que é Sexta-feira 13?

Por Rafael Mendes
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A LENDA URBANA MAIS FAMOSA DO MUNDO: COMO A SEXTA-FEIRA 13 REALMENTE FUNCIONA

Superstições e tradições da Sexta-feira 13 no Brasil.

Um arrepio sutil, uma pausa antes de assinar um contrato, um olhar desconfiado para um gato preto. A Sexta-feira 13 é mais do que uma data no calendário; é um fenômeno cultural global, uma superstição tão enraizada que influencia o comportamento de milhões de pessoas, mesmo daquelas que se dizem céticas. Mas de onde vem esse medo quase instintivo? Por que a combinação específica de um dia da semana com um número gera tanto temor e fascínio?

Este artigo não é apenas uma lista de superstições. É uma investigação profunda nas raízes históricas, mitológicas e psicológicas que transformaram a Sexta-feira 13 na lenda urbana mais duradoura do mundo. Vamos viajar desde os banquetes dos deuses nórdicos e a Última Ceia até a trágica queda dos Cavaleiros Templários, passando pela forma como Hollywood cimentou o medo em nossa mente. Prepare-se para descobrir que a história por trás dessa data é muito mais rica e complexa do que qualquer filme de terror.

AS ORIGENS DO MEDO: DESVENDANDO OS MITOS FUNDADORES

O medo da Sexta-feira 13 não nasceu do nada. Ele é o resultado da fusão de duas correntes de azar independentes: o medo do número 13 (Triskaidekafobia) e a má reputação da sexta-feira em diversas culturas. Somente quando essas duas ideias se encontraram é que a “tempestade perfeita” da superstição foi formada.

O Número 13: Um Histórico de Má Reputação

Muito antes de ser associado a um dia da semana, o número 13 já carregava um estigma. A aversão a ele pode ser rastreada em várias tradições antigas:

  • A Última Ceia Cristã: Talvez a associação mais famosa. Havia 13 pessoas na mesa da Última Ceia — Jesus e seus 12 apóstolos. O 13º a se sentar, Judas Iscariotes, foi o traidor que levou à crucificação de Cristo. Isso solidificou a ideia de que um grupo de 13 pessoas à mesa era um presságio de traição e morte.
  • Mitologia Nórdica: Uma lenda popular conta a história de um grande banquete no Valhalla para 12 deuses. Loki, o deus da travessura e do caos, não foi convidado, mas apareceu mesmo assim, tornando-se o 13º convidado. Sua presença resultou na morte de Balder, o deus da luz e da beleza, mergulhando o mundo em escuridão.
  • Código de Hammurabi? Um Mito Popular: Por muito tempo, circulou a história de que o antigo código de leis babilônico pulava a 13ª lei. No entanto, historiadores como os da Enciclopédia Britannica confirmam que isso é um mito; a numeração original não continha números e as traduções posteriores que omitiram o 13 foram resultado de um erro de escriba, não de superstição.

Sexta-feira: O Dia do Infortúnio

A sexta-feira, por si só, também tem uma longa história como um dia de mau agouro em muitas culturas, principalmente na tradição cristã:

  • A Crucificação: Para os cristãos, a sexta-feira é o dia mais sombrio da semana, pois foi o dia em que Jesus Cristo foi crucificado (Sexta-feira Santa).
  • Eventos Bíblicos Negativos: Alguns estudiosos da Bíblia acreditam que Eva tentou Adão com o fruto proibido em uma sexta-feira e que o Grande Dilúvio começou em uma sexta-feira.
  • Dia do Carrasco: Em algumas culturas europeias, como a britânica, a sexta-feira era tradicionalmente o dia das execuções públicas, sendo conhecida como “Hangman’s Day” (Dia do Carrasco).

A QUEDA DOS TEMPLÁRIOS: A ORIGEM HISTÓRICA MAIS FAMOSA

Embora as raízes mitológicas sejam antigas, a combinação específica da sexta-feira com o número 13 é um fenômeno mais moderno. A teoria histórica mais popular, popularizada por livros como “O Código Da Vinci”, aponta para um evento dramático: a perseguição aos Cavaleiros Templários.

Na sexta-feira, 13 de outubro de 1307, o Rei Filipe IV da França, profundamente endividado com a Ordem dos Templários, ordenou a prisão em massa de seus membros. Cavaleiros por toda a França foram capturados, acusados de heresia, idolatria e uma série de outros crimes fabricados. Eles foram submetidos a torturas brutais para forçar confissões e, muitos anos depois, seu último Grão-Mestre, Jacques de Molay, foi queimado na fogueira.

Este evento marcou o fim de uma das ordens militares e religiosas mais poderosas da Idade Média. Segundo a National Geographic, embora muitos historiadores debatam se essa data realmente deu início à superstição, a história é tão poderosa e dramática que se tornou a explicação favorita para a origem do azar da Sexta-feira 13, ligando-a a um dia de traição, perseguição e destruição em grande escala.

SEXTA-FEIRA 13 À BRASILEIRA: SINCRONISMO E SUPERSTIÇÕES LOCAIS

No Brasil, a Sexta-feira 13 ganha contornos únicos, resultado de um rico sincretismo cultural que mistura o catolicismo europeu com as religiões de matriz africana e crenças indígenas.

Superstições e Rituais Típicos

Enquanto em outros lugares o foco é apenas evitar o azar, no Brasil a data é muitas vezes um dia de ação e proteção ativa:

  • Proteção e Amuletos: É comum ver pessoas usando roupas brancas (uma cor associada a Oxalá e à paz), carregando amuletos como figas, patuás ou a famosa fitinha do Senhor do Bonfim para “fechar o corpo” contra o mau-olhado.
  • Rituais de Limpeza: Banhos de ervas, como arruda e guiné, são populares para purificar as energias e afastar qualquer negatividade que a data possa trazer.
  • Cuidado com o Gato Preto: Embora a superstição do gato preto seja europeia, ela é extremamente forte no Brasil. Na Sexta-feira 13, o medo infundado leva a um aumento de maus-tratos a esses animais, um triste reflexo da ignorância.
  • Evitar Ações Arriscadas: Assim como em outros lugares, muitos brasileiros evitam passar debaixo de escadas, quebrar espelhos e, claro, iniciar novos projetos, casar-se ou fazer grandes viagens nesta data.

A PSICOLOGIA DO MEDO: POR QUE ACREDITAMOS NO AZAR?

Mas por que uma simples data tem tanto poder sobre nós? A psicologia oferece algumas explicações fascinantes para a persistência da superstição.

O principal mecanismo em jogo é o viés de confirmação. Nosso cérebro tem uma tendência natural a procurar, interpretar e lembrar de informações que confirmam nossas crenças preexistentes. Em uma Sexta-feira 13, se você já acredita que o dia é azarado, sua mente estará em alerta máximo para qualquer pequeno contratempo. Um café derramado, uma chave perdida ou um pneu furado, que seriam meros aborrecimentos em qualquer outro dia, tornam-se “provas” irrefutáveis do azar da data.

Além disso, existe o efeito nocebo, o “gêmeo do mal” do placebo. Enquanto o placebo pode gerar um efeito positivo baseado na crença, o nocebo gera um resultado negativo. Se uma pessoa está genuinamente ansiosa e convicta de que algo ruim vai acontecer, essa ansiedade pode, de fato, torná-la mais desastrada ou propensa a tomar decisões ruins, criando uma profecia autorrealizável.

COMO A CULTURA POP TRANSFORMOU SUPERSTIÇÃO EM TERROR

Se as origens da Sexta-feira 13 são uma mistura de mito e história, sua permanência no imaginário moderno deve quase tudo à cultura pop, especialmente ao cinema.

Em 1980, o diretor Sean S. Cunningham lançou um filme de terror de baixo orçamento chamado “Sexta-Feira 13”. O filme, que apresentava um grupo de jovens sendo assassinados em um acampamento amaldiçoado, tornou-se um sucesso estrondoso. Seu vilão icônico, Jason Voorhees (que na verdade só se torna o assassino principal a partir do segundo filme), com sua máscara de hóquei, transformou a data de uma simples superstição em sinônimo de terror slasher.

A franquia gerou dezenas de sequências, reboots, quadrinhos e videogames, cimentando para sempre a conexão da data com o medo e a violência na mente de gerações inteiras. Hoje, é impossível pensar na Sexta-feira 13 sem que a imagem de Jason Voorhees venha à mente.

VISUALIZANDO O MISTÉRIO: A ORIGEM DA SEXTA-FEIRA 13

Para quem prefere uma explicação visual, o vídeo do canal Fatos Desconhecidos explora de forma dinâmica várias das origens e curiosidades que cercam a data, oferecendo uma perspectiva rápida e envolvente sobre por que a Sexta-feira 13 é tão temida.

DESVENDANDO MITOS: PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE A DATA

Mesmo com todas as explicações, algumas dúvidas persistem. Vamos responder às mais comuns.

A Sexta-feira 13 é estatisticamente mais perigosa?

Não. Diversos estudos, incluindo análises de companhias de seguro e autoridades de trânsito, não encontraram nenhuma correlação estatística significativa que aponte para um aumento de acidentes, mortes ou desastres na Sexta-feira 13. A percepção de perigo é puramente psicológica.

Por que em alguns países o dia do azar é a Terça-feira 13?

Em países de língua espanhola (como Espanha e México) e na Grécia, a Terça-feira 13 é a data temida. A terça-feira é associada a Marte, o deus romano da guerra, trazendo uma conotação de conflito e violência. A queda de Constantinopla para os otomanos ocorreu em uma terça-feira em 1453, solidificando a má fama do dia nessas culturas.

E a história dos Cavaleiros Templários, é 100% verdade?

O evento histórico da prisão dos Templários em uma sexta-feira, 13 de outubro, é um fato. No entanto, a ligação direta desse evento com o surgimento da superstição é debatida por historiadores. Muitos acreditam que a superstição só se popularizou séculos depois e que a história dos Templários foi associada a ela retroativamente por ser muito conveniente e dramática.

Existem rituais para “cancelar” o azar da Sexta-feira 13?

Dentro do universo das crenças populares, sim. Além dos amuletos e banhos de ervas, algumas tradições sugerem atos simples como jogar sal sobre o ombro esquerdo, bater na madeira ou simplesmente focar em pensamentos positivos e praticar a gratidão para “neutralizar” as energias negativas.

O medo da Sexta-feira 13 está diminuindo com o tempo?

É provável. Embora a superstição permaneça forte na cultura pop, as gerações mais novas tendem a tratar a data com mais humor e ironia, como visto na proliferação de memes e piadas nas redes sociais. O medo genuíno (paraskevidekatriafobia) está se tornando cada vez mais raro, embora o fascínio cultural permaneça intacto. Se você se interessa por datas com forte carga cultural, talvez goste de ler sobre o Halloween e suas origens.


Sobre o Autor

Escrito por Rafael Mendes, Estrategista de Conteúdo Sênior do Como Tudo Funciona.

Com mais de 15 anos de experiência, Rafael é especialista em traduzir temas complexos de história e cultura em guias claros e acessíveis. “Sempre me fascinou como uma simples data no calendário pode carregar tanto peso cultural. A Sexta-feira 13 é um exemplo perfeito de como mitos antigos, eventos históricos e a cultura pop se entrelaçam para criar uma lenda moderna. Meu objetivo com este artigo foi separar os fatos da ficção e mostrar a incrível jornada dessa superstição através dos séculos.”

Conheça mais sobre o trabalho de Rafael Mendes.

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